Sambando com o jogar
Pensando aqui em como seria um jogo eletrônico sobre escolas de samba. Baita desafio. Ele possuiria elementos de disputa (estilo gerenciadores de equipes esportivas), com nuances entre divisões.
Também algo como contratações para posições específicas (intérpretes, mestre sala e porta bandeira, coreógrafos, carnavalescos, etc). Seria legal pensar em mecânicas de treinamento para cada uma, bem como instâncias para fomento de talentos da comunidade da escola.
O gerenciamento de recursos afetaria os quesitos julgados no carnaval. Porém, durante o desfile em si, uma série de desafios afetaria o jogo em tempo real também. E o horário e clima do momento do desfile impactariam não apenas o planejamento, mas também os eventos do desfile.
Mas penso que o principal desafio seja rasurar o foco em ganhar o título da primeira divisão/grupo especial ou prêmios de melhor comissão de frente, etc.
Ainda que tudo isso faça parte, um gerenciador/simulador de escolas de samba não pode se furtar das nuances, derivas e encantamentos no território. Logo, as relações da escola com a comunidade precisam fazer parte do jogo.
Incorporar frestas e desvios a um jogo que normalmente recompensa melhores desempenhos é um cruzo difícil, mas talvez um bom caminho para pensar em jogos de gerenciamento/simulação numa abordagem decolonial.
Vale também destacar que a associação de escolas de samba com crime organizado e outros imaginários simplistas e preconceituosos não se adequam ao escopo do projeto, obviamente. Eles reforçam a colonialidade.
Dá para pensar em muitas coisas neste exercício criativo. Pensei em fases do jogo, da pré-produção ao desfile e revelação das notas finais, com o
festão na quadra e o desfile das campeãs sendo a cena final.
Daí, lidar com o chão da escola, com as potências lúdicas de baianas e velha guarda, com as encantarias dos batuques e terreiros enquanto forças criativas também transgrediria o racionalismo tecnicista imperante neste estilo de jogar.
Seria um projeto bem legal para lidar com muitas questões em torno de jogos. E partir de uma expressão cultural do sul global, com suas nuances e contradições, parece algo bem bacana de desenvolver.
Acabei de pensar em como também poderia ser um bom jogo de tabuleiro… :)