Nos dias que sinto o golpe
Testemunho docente. Colégio esvaziado, novamente. Operações policiais na região. Lembrança: Vila do João? João Baptista Figueiredo.
Coração: 150 BPM.
Ponta do fuzil: 16° BPM.
Pesadão.
Documento, cidadão.
Duas enquadradas no trajeto de ida. Não fui agredido, dessa vez. A gente se contenta com muito pouco mesmo. Muito pouco.
Aí tu coloca a cabeça pra fora e é arrogante. Essa fita eu conheço bem. Rebobinei com a caneta que escrevo.
Tava pilhado com o aulão sobre 64. Mas tudo tá esquisito, desbotado. Ainda assim, fui que fui pro espaço limiar que é a escola em dia de massacre, digo, de operação.
Sant e LP Beatzz dialogando com Chico, ponte Rio-Niteroi, construtores de brasis cimentados nos pilares de memórias em disputa. Eu sou (um) Zumbi: morto, vivo, rebelde, líder. Não há paralelo, resta o Brasil.
Intervalo, uma festa de aniversário. Na véspera, um assalto a mão armada. Vidas por um fio. Ecoam piadas. Licença pra falar de licença. Trauma. Estresse. Na brincadeira, verdades confessadas. Na véspera, testemunho um caso claro de comprometimento da saúde mental de um colega. Readaptações: sintomas do(c)entes.
Ouvi: "Não quero ficar assim. Vou parar com isso". Ouvi: "Parabéns pela aula, professor. Foi incrível." Eu tô bem aqui, no recheio desse bolo, molhadinho. Espero chegar ao meu bolo de aniversário. Depois de 36, pra mim, todo dia é festa.
Quinta já foi sexta, mas agora estico a semana. Amanhã ainda tem, e ainda estou na dobra do dia. Sigo atento aos sinais. Me escoro no degrau que ainda vai redenrizar. Confio no processamento, mas preciso liberar a memória. O problema é que a caserna e os granfas insistem em impedir.
Aí, mermão, nós vai de overclock até torrar o core. Já que esse "cor" de raiz latina é de lembrar (decorar, de cor). E a memória segue ilha de edição.