Cruzos é-e-não-é um jogo sobre tricksters

"Em Cruzos você joga com uma personagem com o arquétipo trickster?"

Sim e não. Ou melhor: É-e-não-é. ;) Chega junto que eu e o mestre Alternildo Sá vamos explicar algo que não é nem um pouco tangencial em meu novo jogo.

Definir as senhorias dos cruzos como tricksters seria as observar por lentes narrativas tradicionais, que as definem em oposição à presteza e abnegação heroicas, por exemplo.

As senhorias dos cruzos são arteiras porque são assim, não para "obter vantagens". Preguiçam porque o vento da tarde é morno e macio. E mudam de ideia, jogam ali e aqui. Não são as escolhidas pelo destino ou topam com "o grande conflito".

Ocorre que nomeá-las como tricksters/enganadoras no manual de jogo já moraliza Cruzos, pois o arquétipo não foi construído "fora do mundo". É por isso que não há o termo trickster em Cruzos. Mas isso não quer dizer que as características deste tipo de personagem não sejam partilhadas pelas senhorias dos cruzos.

É mais um lance ontológico das personagens, e sobre perspectivas que mudam a estrutura das narrativas.

Ao evitar este termo, desloco o jeito de concatenar os eventos da narrativa dos conflitos para as situações nem um pouco "funcionais" para o "progresso" do enredo.

Aqui entram os encontros e os enganos, os trunfos das senhorias dos cruzos. Mas isso é papo pra outro dia.

Ah, lembra do Alternildo? Este que deu as caras na postagem? Pois então, esta ilustração de @ludmagroski já dá a dica que o tipo de personagem "que burla barreiras e transgride limites" há muito faz parte de meus livros.

O mestre lacunar do ambifluxo é uma típica senhoria dos cruzos, e há outras personagens que criei que também são. Mas este também é assunto para outro papo. E eu acho que a gente vai se esbarrar noutro cruzo. ;)

Curtiu um cadinho? Então conheça Cruzos, meu novo jogo em catarse.me/cruzos

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