Jorge dos Santos Valpaços
2 min readJan 11, 2023

Colinha

Tenho friluíli com colinha. Sempre tive, aliás. Enquanto coleguinhas brincavam com cola branca, suava frio. Nunca fui bom em atividades de colar. E aquilo de passar cola na mão me causa (observe: tempo presente) arrepios.

E quando os bandidos molhados se tornaram bandidos grudentos? Nunca terminei de assistir Esqueceram de mim 2 por isso. Minto. Avançava até as partes dos vilões sendo detonados pelas armadilhas. Crueldade infantil.

Álbum de figurinhas? Jamais! Cartela de adesivos? Nunca. Passo pela alameda de artistas em eventos querendo prestigiar colegas, mas a fobia torna tudo mais difícil. O adesivo holográfico é o horror cósmico: me encanta enquanto me derrete.

Lembra da mãozinha grudenta para virar Tazo? Queimei. E talvez aquelas cores incandescentes (e obviamente tóxicas) foram as mais belas que já vi, depois do saibro e do azul-papel-carbono.

Sobrevivo à colinha do inhame, à baba do quiabo, ao nhec-nhec da jaca. Quebra-queixo é o doce contradição: delícia impossível de comer sem sujar as mãos. Sempre que termino de comer algo assim tenho de rolar no chão até a sujeira impedir que sinta qualquer sensação grudenta.

Mas o grande inimigo ainda tinha de se levantar. Sim, você sabe do que estou falando. Gelecas, geleínhas, amoebas. Só consigo falar agora, pois a onda passou um pouco. Mas abrir um simples Dragon Quest e topar com um slime ainda é um desafio.

Por isso que sempre ando com farofa no bolso. Pintou uma colinha, taco farofa. Na comida, no corrimão, nas pessoas. Eu acredito no empanamento enquanto salvação. Amen...doim... pralinê.

Atenção! Colinha não é viscosidade. Nem umidade. Nem escorregadismo. Deslizar é outra coisa. E é bom demais. É quase o oposto do friuíli da colinha. Inclusive a expressão "com molho" sempre foi elogio pra mim.

Jorge dos Santos Valpaços
Jorge dos Santos Valpaços

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